segunda-feira, 5 de outubro de 2020

 

É cansativo essa vida, ter que morar na rua — e pedir esmolas para sobreviver, mas é a que tenho, o que posso fazer. Também é complicado ser tão pequeno, e não poder ficar nos melhores lugares por causa dos meninos maiores — tudo bem, sempre tem um lugar para isso. O dia inteiro bato nos vidros dos carros pedindo uma moedinha, muitas vezes ganho mais do que pedia — outras me ignoram como se não fosse ninguém. Numa tarde quente de verão, um homem me olhava, um tanto que estranhamente — fiquei até pensando que queria me maltratar, mas ele se aproximou, e perguntou se estava com fome. É claro que falei sim, então ele segurou minha mão, e me levou para sua casa — havia uma mulher carinhosa que me acariciava enquanto comia. De repente eles se afastaram, mesmo assim, eu ouvia o que diziam — falavam em me adotar. Eu não sabia o que isso significava, mas naquele instante nem me preocupei, só queria me fartar de tanto comer. Eles sentaram ao meu lado, e disseram que iriam me adotar, me dar um lar, uma família — para isso eu precisava aceitar, é lógico que aceitei. Nunca na vida me senti tão feliz, era tudo que sempre quis — os abracei, os beijei, e ganhei muito carinho. Nunca mais viveria sozinho por aí — passados muitos anos, vejo aqueles velhinhos tão queridos, vejo o que sou, e agradeço demais por poder dizer para o mundo, o quanto amo os meus Pais!!

________Eumacle Amaral 





Nenhum comentário:

Postar um comentário