quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Ela cavalgava pelo campo, em seu cavalo branco, à liberdade a acompanhava tocando seu rosto, na forma do vento - escancarando sua felicidade. Encostado na cerca estava o empregado da fazenda - ele a olhava com tristeza, porque escondia em seu coração um grande segredo - um sentimento verdadeiro, mas que nunca poderia ser correspondido. Por isso passava o tempo inteiro distante - não queria que seus olhos revelassem sua paixão, pela filha do fazendeiro. Só que o namorado dela o pegou olhando pra ela - e mesmo estando tão longe - enciumado, decidiu falar com ele. Ao se aproximar dele, foi logo perguntando o que ele fazia ali - que ele deveria estar trabalhando, e não olhando com desejo à filha do patrão - disse também que sujeitos como ele, não são dignos sequer de olhar mulheres lindas como ela - porque são pobres, e pobres trabalham pra viver, e não pra se apaixonar. Muito calmo, o rapaz foi dizendo que estava sim, olhando ela cavalgando, e que isso não é nenhum crime - e nem fazia dele, um marginal. Quando ele disse que pobre, rico ou quem quer que seja se apaixonam porque o coração segue os seus instintos, e não os desejos das pessoas - incomodou demais o nervosinho, que saiu correndo para se queixar junto ao sogro - ele era filho do dono da maior Cooperativa de leite da região, e como a empresa do Pai pagava um bom preço no leite do sogro - e também, para se livrar de uma possível concorrência ao amor de sua namorada - chantageou o sogro, ameaçando abaixar o preço do leite, e assim dar prejuízo a ele - caso ele não quisesse demitir aquele empregado. Ele ficou triste, aquele empregado era filho não de um grande amigo, mas de um irmão de vida - que antes de morrer pediu que deixasse seu filho trabalhando em sua fazenda. Ele se dirigiu ao rapaz - o genro estava junto - ele com a voz embargada, foi falando que não pretendia mais contar com os serviços dele - e que ele se retirasse o mais rápido possível de sua fazenda. O rapaz olhou para o senhor e percebeu uma tristeza muito grande em seu olhar, depois viu um largo sorriso no seu genro - sem dizer nada, abaixou a cabeça e saiu para arrumar suas coisas - em pensamentos pediu perdão ao Pai, mesmo não tendo feito nada de errado. A moça nem ficou sabendo - pois, pouco se encontrava com ele. Dez anos se passaram, a Cooperativa começou a ter problemas financeiros graves, estava a beira da falência - e ele, como presidente da empresa não sabia mais o que fazer para pagar suas dividas - foi quando sua secretária entrou na sala, seguida por um homem elegante, que fez uma oferta de compra - ela foi aceita de cara. Ele só não imaginava que o novo dono da empresa, herdada de seu finado Pai, era justamente aquele que anos atrás tinha o expulsado da fazenda de seu ex-sogro - e as coincidências não pararam por ai - aquele homem também estava casado com sua ex-namorada. A vida deu suas voltas e colocou tudo no seu devido lugar - o empregado que era apaixonado pela filha do patrão, perdoou o ex-patrão, pelo o que ele lhe fez no passado - e tornou-se seu genro, casou-se com sua filha. Virou patrão do ex-namorado dela, e deu o nome do seu inesquecível Pai, na fazenda que ele trabalhou sua vida inteira, e foi finalmente feliz. O ex-riquinho chantagista e preconceituoso, teve que aprender a conviver com aquilo que tanto odiava, a pobreza - um castigo mais que merecido!! 
_______Eumacle Amaral 

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