sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Ele não tinha se acostumado com à partida do seu melhor amigo - por isso, que sempre que olhava o quintal, da janela do quarto ou da varanda em sua velha cadeira de balanço - seu olhar percorria todo canto, e com isso às lágrimas surgiam na medida, em que à saudade brotava do seu coração. Saudade do Pipoca, seu cãozinho - um Chihuahua, pequeno no tamanho, mas imenso no coração. Foram tantas vezes que ele dormiu em seu colo, tantas vezes que o via correr - pular, latir, brincar, fazer mil estripulias - ele era a alegria da casa. Foram tantos anos de uma interação tão pura, tão verdadeira, tão maravilhosa - nessa interação, as palavras não eram necessárias, os gestos, os olhares, os carinhos diziam por si só. Aquele ser humaninho na forma de um cãozinho adoeceu - ele tinha idade avançada - foram tantas idas ao veterinário, foram tantas preocupações, e orações e ainda sim, não teve jeito - ele foi embora, deixando um vazio imenso. Quantas foram às vezes, em que ele seguia até o quintal e chamava o seu nome, na esperança que tudo aquilo tivesse sido apenas um sonho ruim - e sempre percebia à dura realidade, quando ele não aparecia. Doía, doía muito, mas naquele mesmo dia uma surpresa estava para acontecer, a campainha tocou - ele rapidamente foi atender. Era seu vizinho que tinha algo a lhe mostrar. Mostrou-lhe um buraco no muro, sorrindo disse que o cãozinho dele passava ali sempre, e com sua cadelinha namorava, e que hoje o resultado desse romance apareceu - ela pariu quatro filhotinhos lindos, alguns muito parecidos com o Pipoca - os outros puxaram Mãe. O vizinho sabendo do quanto ele amava o seu cãozinho, e o quanto estava sofrendo - deu-lhe o direito de escolher dois, dos filhotes, mas pediu para que ele os deixasse um pouquinho mais até que, ficassem maiores, mais espertos - pediu também que não consertasse o buraco no muro, deixando livre o caminho para que eles pudessem brincar nos dois quintais - ele aceitou. Ele sabia que a presença daqueles filhotinhos não iriam suprir a ausência do seu grande amigo, mas que iriam dar um novo alento em sua vida. Os filhotinhos cresceram, coincidentemente ele reatou o seu casamento - tanto ele quanto os seus filhos, criaram um laço, um elo, um sentimento muito forte com os filhotinhos - se tornaram uma família. Sempre que ele assistia aquela cena bonita, dos filhos brincando com os filhotinhos - se lembrava do Pipoca - ele já não sentia o vazio em seu coração, sabia que o Pipoca mesmo não estando fisicamente ali naquele momento - estava vivo em seus pensamentos, e em pensamentos, agradecia a ele por cada momento junto. A sua ausência ainda dói, mas ele sabe que à alegria de ter tido à sua companhia - era muito maior, muito maior que a dor!!
________Eumacle Amaral 

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