sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Ela estava terminando de fazer faxina na casa de sua Avó, quando encontrou um baú - nele havia um álbum de fotografias, alguns cartões portais, vários frascos de perfumes - tal marca nem existia mais. Porém, foi um caderno que chamou sua atenção, suas páginas amareladas pelo tempo, contavam inúmeras histórias, aparentemente - todas felizes. A mais recente delas dizia assim: Lembro do ciúme que tinha do seu longo cabelo negro, o qual alcançava o bumbum - e da sua vasta coleção de vestidos que cobriam todo o seu belo corpo, e ainda sim, lhe caiam com tamanha elegância. Quase tudo mudou nos dias atuais, você minha flor, não tem mais os cabelos negros e grandes, estão todos branquinhos como a neve - vejo suas dificuldades em executar alguns movimentos, vejo na sua expressão as dores que sente - e isso me preocupa sempre, mesmo sabendo que isso é natural pela idade que tem - sinto isso também, porque suas dores são minhas dores, suas alegrias, são minhas alegrias. Eu não sei explicar, só sei dizer que toda vez que olho para você - não vejo mais aquela mulher jovem e virtuosa de tempos de outrora, mas vejo a mulher maravilhosa que escolhi para viver e amar à vida inteira... Que lindo meu amor, também me lembro, que andavas com um topete estilo Elvis, e ouvia somente o próprio rei - com toda certeza, ele foi sua inspiração - e também a velha guarda, bons tempos àqueles não é mesmo? Lembro que era muito exigente, no modo de se vestir - gostava de usar camisetas de cores claras, e sempre combinando com calças boca de sino - de certa forma, se orgulhava de fazer à sua moda pessoal - ou melhor, estilo pessoal. Lembro que meu Pai o achou metido no primeiro instante, e que se encantou com você - na medida em que ia te conhecendo melhor... Que saudade do meu Pai! Sim, o tempo passou, e nos roubou a juventude, transformou à nossa aparência - eu não lamento por isso, sei que você também não, mas ele também nos deu muita coisa boa - nos deu experiência, e o melhor de tudo, fortaleceu o nosso amor - eu te amo meu amor. A moça não se conteve, e chorou de emoção - a emoção dela foi tanta, que ela correu para a sala, onde toda à família estava reunida. Ela mostrou aquele caderno, ou diário, e o álbum de fotos aos seus Avôs - eles se olharam silenciosos, saudosos, e visivelmente emocionados. De repente, ela pediu uma caneta à neta - que rapidamente lhe entregou - ela então, começou a escrever, sua mão tremia bastante, mas ela não perdia a concentração - aos poucos iam se formando palavras, e no final, àquelas palavras revelaram mais uma grande lembrança - outra bela história vivida por eles - se tratava de uma viajem, que fizeram à Argentina nos anos sessenta. Eram tantas histórias, que com muito esforço, e dedicação da neta - elas se transformaram numa autobiografia. Àqueles momentos que viveram foram publicados, e ao mesmo tempo - compartilhados com familiares e milhares de leitores!!
_________Eumacle Amaral

Nenhum comentário:

Postar um comentário